Sonhos da Eternidade
SONHOS DA ETERNIDADE
No sofá longo dos teus lábios
Se deitaram os sussuros de beijos
Que te esperavam a um fechar de olhos,
Quebrado num desejo singular
Que brotava dos nossos gestos impacientes
Enquanto nos remexíamos naquelas cadeiras
Onde se sentavam os docentes,
Onde ainda eramos jovens puros, de desejo,
De desconhecimentos - inocente
E desidratado, buscava a sede nos teus lábios,
Qual maior sabedoria ensinavam aos meus
Os prazeres mais carnais e ávidos
Que fariam de mim libertino
Pelas ruas, pelos cafés, pelos cinemas,
Pelas arcas frigoríficas, bancas de cozinha,
Pelos jardins, muros e calçadas!
Oh - Quantos outros locais censuráveis
Onde fomos imortais pelo tempo
Que demora a atingir um orgasmo.
Como eramos belos nesses sonhos infinitos
Que nos amaríamos na eternidade
E no entanto nela ficamos, tão somente
Nessa eternidade que já passou.
Doutor Armando do Sal, in "Textos Neoexperimentais"